Análise: Um homem célebre – Machado de Assis

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Análise

Um homem célebre é um dos dezesseis contos de Machado de Assis que faz parte da obra Várias Histórias, publicada em 1896. Como sempre, Machado vai nos apresentar o conflito interior vivenciado pelo personagem Pestana que queria muito ser uma celebridade de música à nível internacional de Mozart, Beethoven, Bach e Schumman. Para entender a história, veremos agora os aspectos principais da estrutura do conto:

FOCO NARRATIVO – é feito em terceira pessoa com a narração feita por um narrador onisciente, aquele que conhece a alma dos personagens:

“E aí voltavam-se as náuseas de si mesmo, o ódio a quem lhe pedia a nova polca da moda …”

TEMPO CRONOLÓGICO –  1871 e 1885, entre a publicação da primeira polca de Pestana e  o falecimento dele:

“Pestana, quando compôs a primeira polca, em 1871, quis dar-lhe um título poético, escolheu este: Pingos de Sol.”

“Assim foram passando os anos, até 1885.”

O conto não segue a ordem cronológica, isto é, não apresenta inicialmente a história de Pestana, mas sim o ano em que o personagem está no auge do sucesso, 1875:

“… cinco de novembro de 1875 … ”

Essa é uma característica própria do estilo machadiano.

ESPAÇO GEOGRÁFICO – A casa de Pestana é o ambiente que prepondera no conto:

“Em casa respirou. Casa velha, escada velha, um preto velho que o servia e que veio saber se ele queria cear.”

PERSONAGEM PRINCIPAL – Pestana
PERSONAGENS SECUNDÁRIOS – a esposa tísica Maria e o editor das músicas que Pestana compunha.

ENREDO

No conto Um homem célebre, Machado de Assis narra a história de Pestana, um homem de sucesso, conhecido pela população por ser compositor de músicas dançantes de ritmos ligeiros cujo estilo é chamado de polca, pois tem origem polonesa. Apesar do sucesso e do reconhecimento público, que odeia, o personagem vive a frustração de não conseguir compor músicas antigas no estilo dos grandes artistas clássicos. O que vamos ler, no decorrer do conto, é o Pestana queimando a pestana para conseguir realizar o sonho de compor uma música extraordinária no estilo clássico e essa será a obsessão dele ao longo do conto. Não há referência à família do personagem, apenas sabe-se que ele recebeu a educação de um padre que gostava tanto de músicas sacras quanto de músicas profanas. Os fofoqueiros da época afirmavam que o padre era o pai do nosso personagem.

COMENTÁRIOS

De início, percebemos a presença da ironia machadiana ao relatar sobre a possível paternidade de Pestana, pois se ele fosse realmente o filho do padre, herdou o dom de compor músicas profanas, como a polca que é um ritmo fácil de compor. Quanto ao tema, refere-se à frustração e o desejo ambicioso de se tornar reconhecido como um compositor clássico, não de músicas cujo sucesso fosse efêmero. A marca registrada do conto é a busca da perfeição de Pestana e essa busca vai culminar sempre num drama pessoal porque nenhuma das tentativas que faz irá produzir o efeito esperado por ele visto que só consegue criar as polcas que tanto detesta. Outro detalhe a ser destacado é que Pestana fez todas as tentativas para realizar essa vontade de ser um compositor imortal, chegando a casar com a Maria, cantora e doente na esperança de conseguir inspiração para compor saindo do celibato. Mas não adiantou, vendo que não conseguia, chegou a tentar um suicídio o qual não foi levado a cabo por causa de um guarda que o impediu de se deitar à espera do trem que passaria logo. Por fim, chega a hora da morte e aqui temos mais um comentário irônico de Machado: “… expirou na madrugada seguinte, às quatro horas e cinco minutos, bem com os homens e mal consigo mesmo.” E eu, que li o conto, fiquei pensando na ojeriza que Pestana sentia diante do dom que tinha para compor sucessos populares inocentes, enquanto atualmente a maioria dos sucessos do momento maculam a música popular brasileira.

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O que a Matriz de Avaliação diz sobre essa a obra?

“Que limites há entre ficção e realidade? Qual o sentido e o alcance do uso do conhecimento no cotidiano? Limites entre a ficção e a realidade foram questionados no teatro do final do séc. XIX e início do séc. XX., como se observa, por exemplo, em Um homem célebre, de Machado de Assis.” (Fonte: Página 4 da Matriz dos Objetos de Avaliação do Programa de Avaliação Seriada)

“Apreender música por ouvido ou por imitação (oralmente) ou pela notação gráfica (teoricamente) são formas de aprender (conhecer) que podem, mais contemporaneamente, coexistir e estar mais ou menos presentes em manifestações diferentes, seja da chamada alta cultura ou cultura erudita ou da cultura popular; isto é, são formas de “conhecer” e “saber fazer”. Hoje em dia, mesmo a música chamada de “popular” pode se valer da escrita e da oralidade, a um só tempo. O compositor Pestana, personagem de Um homem célebre, de Machado de Assis, dá exemplos de uma música popular que começava a surgir (no Brasil do século XIX) e sentia uma certa tensão entre formas culturais (oral X letrado): ele intentava compor “como os clássicos” (escrito), mas acabava compondo como os “populares” (dançante/brincante).” (Fonte: Página 6 da Matriz dos Objetos de Avaliação do Programa de Avaliação Seriada)

“Os contos de Machado de Assis são fontes importantes para se entender as relações entre história e ficção e a descrição de uma sociedade marcada por desigualdades sociais e em plena transformação. A música como profissão é, para muitos músicos, compositores e intérpretes, uma possibilidade de mobilidade social que, em algumas situações, promove a mobilidade entre classes, como foi o caso de Carlos Gomes, no século XIX, e Michael Jackson, no século XX. Machado dedica-se ao tema no conto Um homem célebre. A personagem central, o compositor Pestana, na sociedade carioca de final do século XIX, fazia sucesso com a música da “moda”, a polca. Na representação individual de Pestana, fazer sucesso com polcas (música dançante) era muito ruim, pois o seu ideal de composição eram os “clássicos” europeus. Por certo, é possível encontrar aí relações conflituosas entre indivíduo, cultura e mudança social, sob a tensão entre a construção da identidade nacional versus a  influência europeia. A polca, no Brasil do século XIX, apesar de identificada à cultura europeia, tinha certa proximidade de códigos, símbolos e representações com a música que era associada às classes populares, preferida da população pobre e 
marginalizada da capital federal de então.” (Fonte: Página 10 da Matriz dos Objetos de Avaliação do Programa de Avaliação Seriada) 

“No conto Um homem célebre, de Machado de Assis, há referências a essas misturas de influências na capital federal de fins do século XIX, pontuadas, conflituosamente, entre aceitação e negação desses traços culturais, e, por conseguinte, dos grupos sociais que os explicitam.” (Fonte: Página 27 da Matriz dos Objetos de Avaliação do Programa de Avaliação Seriada)

“A literatura amplia também os espaços ou territórios existenciais dos sentimentos humanos, a partir de exercícios de leitura e apreciação, nos quais podem ser desenvolvidas potencialidades humanas. A leitura dos contos Um homem célebre de Machado de Assis, provoca questionamentos acerca das possibilidades das relações afetivas e de trabalho em um determinado espaço. Essas obras, também, levam a um entendimento da dinâmica espacial do período histórico retratado pelos contos, pois
Machado de Assis emerge descrições espaciais de diferentes lugares e as percepções dos personagens em relação a estes  espaços.” (Fonte: Página 33 da Matriz dos Objetos de Avaliação do Programa de Avaliação Seriada)

Dúvidas? Entre em contato! 🙂

Fonte: http://scarlet-wind.blogspot.com.br/2014/10/analise-do-conto-um-homem-celebre-de.html

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